segunda-feira, 12 de abril de 2010

Projeto 1 (Pintura Contemporânea) - Cave Cave. Deus Videt!

Título: Cave Cave. Deus Videt! (Cuidado Cuidado. Deus te vê!)

Linguagem: Pintura híbrida

Materiais: Tinta expansiva, tinta acrílica, base em mdf, pedras e massa corrida.

Por ser uma grande admiradora dos trabalhos de Hieronymus Bosch (1450-1516) creio que em alguns momentos me deixo invadir por seus quadros e acabo refletindo nas minhas idéias o que ele representou em suas obras. No triptico de Bosch feito em 1480/1490 encontra-se representada a criação, o paraíso onde costa o ultimo dia da criação, com Adão e Eva; o Jardim das Delicias Terrenas onde se encontram os homens, os prazeres carnais, pecados, as delicias segundo Bosch; e o inferno que se caracteriza pelo purgatório do homem que assim como o paraíso estão contidos no Gênesis. Quando fechado ele apresenta a citação “Ele o diz e tudo foi feito, ele mesmo ordenou e tudo foi criado”. Bosch trabalha com uma série de símbolos e muitos detalhes em sua obra, como a visão do meu triptico será extremamente pessoal resolvi criar uma atmosfera subjetiva e mais “limpa” sem muitos detalhes e símbolos. Inicialmente pensei em retratar através de pequenos textos escritos por mim, minha versão do paraíso, da terra e daquilo que denominamos inferno, ao meu ver seriam mais como doçura, inércia e dor. Esses três fatores carregam um peso sentimental e pessoal, mas que podem se fundir a visões e entendimentos variados. Para mim, o Paraíso se resume a um estado de espírito, um sentimento uma ação, pequenos prazeres, aquilo que acalenta a alma, que fazemos sem culpa sem medo, sem restrições. A terra para mim é (em determinadas ocasiões) um estado de inércia, um mundo rodeado de dúvidas, de máscaras, questões, críticas e análises, é o onde vou? Para onde vou? O que sou? O Inferno representa os momentos em que estamos realmente tristes, abalados, sem rumo, caídos, aquelas horas em que você sente que nada vai dar certo, que nada dá certo, é a dor no seu pior estado, a desilusão. Para caracterizar e expressar melhor esses três estados, resolvi utilizar materiais alternativos para a construção do meu tríptico: Branco para a doçura, para o meu paraíso, cinza e areia para a minha inércia e vermelho para a minha dor o meu inferno. Para compor esse trabalho utilizarei ao redor do texto sobre o paraíso, massa corrida imitando suspiro; para a terra, pedras; para a dor, tinta vermelha. O título escolhido também está presente em uma das obras de Bosch (Os sete pecados mortais e os quatro fins do homem) no centro do quadro encontra-se a citação em latim: Cave, cave. Deus Videt que significa em uma tradução livre: cuidado, cuidado. Deus te vê! Isso me lembra o dever não apenas em um Deus mas aos nossos próprios "mentores morais", nossos valores que ditam algumas regrais pessoais e sociais.

PARAÍSO:

Doce seria o beijo

do afeto sincero,

das gotas açucaradas

envoltas em nuvens de algodão.

TERRA

Se conheces quem vê

Te resume talvez

Aparente sob a pele

Que te escondes por debaixo

Por entre as malhas de um sorriso.

INFERNO

E de lágrimas rubras

Um corpo perece

No abismo,

O holocausto da alma que grita:

É necessária a solidão.


Tríptico Jardim das Delícias Terrenas.


Tríptico fechado


Triptico Cave Cave. Deus Videt!


Triptico Cave Cave. Deus Videt!

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